"WING OVER"
“WING- OVER”
Alguns tópicos
1.Na comunidade “parapentistica” a utilidade da prática desta manobra não é consensual. É verdade que, quando executada nos limites, ou seja, passando o piloto bastante acima do nível da asa, como resulta da tradução à letra de “WING OVER”, a manobra é realmente perigosa para pilotos não “acrobatas”.
2.Não vamos aqui considerar esse tipo de prática “acrobática”, mas sim os vulgares “wing over” executados por pilotos com experiência, mas que não pretendem chegar ao “looping” ou ao “toneaux”.
3.O “wing over” encerra em si movimentos nos três eixos, do conjunto asa piloto e como tal permite desenvolver uma sensibilidade elevada, ao explorar a correlação entre a utilização dos comandos, a utilização do corpo como elemento essencial do equilíbrio pendular e as grandes variações de velocidade e de cargas “G”.
4.Todas estas variáveis têm de fluir em equilíbrio, numa situação de constante mudança. Quando por qualquer motivo, normalmente da responsabilidade do piloto, este equilíbrio não for respeitado, o piloto recebe de imediato uma mensagem da asa, através de um fecho, uma falta de pressão ou outro sinal qualquer que o piloto deve saber interpretar e corrigir atempadamente.
5.Sendo assim, já perceberam porque considero a manobra útil. Qualquer piloto que pretenda evoluir em termos de uma melhor compreensão das diversas sensações que a asa lhe transmite em voo, chegará a uma fase em que a prática desta manobra pode ajudar. Não deve é começar com grandes ângulos, mas sim evoluir de uma forma gradual sempre com “ mão leve” e rapidamente vai perceber como a sua asa gosta de ser tratada ( com suavidade e progressividade nos comandos) e lhe vai responder sempre de forma adequada.
6.Não é uma manobra difícil, mas necessita de alguma experiência de voo e de uma boa compreensão dos diferentes movimentos que envolve. Esta manobra deve ser efectuada de forma gradual, começando o treino com manobras de reduzida amplitude, que com a continuação pode ir aumentando a pouco e pouco.
7.Para começar, necessitamos de alguma altura relativamente ao solo e ter sempre presente que é potencialmente perigosa, pois pode ocasionar fechos, desorientação, atitudes anormais, auto rotação e perdas de altura substanciais, indo até uma eventual queda na própria asa etc. A grande variação das cargas “G”, conforme veremos num outro texto, provoca fluxos sanguíneos importantes, nomeadamente no sentido da cabeça para a parte inferior do nosso corpo, que podem provocar diminuição das capacidades do piloto.
8.Se a manobra for bem executada, a asa e o piloto manterão sempre as suas posições relativas centradas, os fios estarão sempre submetidos a tensões variáveis ( em certas situações estarão visivelmente frouxos) mas estarão sempre na posição normal e a asa estará sempre inflada ( embora com grandes variações de pressão interna – por vezes bem visíveis e que se sentem). Toda a pilotagem do parapente deve ser “fina” e com “mão leve”, no entanto a maioria dos comandos deverá ser “como necessário” e isto por vezes significa grandes amplitudes, mas repito, sempre com “mão leve”. Sobre esta questão da “mão leve” poderíamos dissertar indefinidamente, já que a “mão pesada”, é uma das principais causas de grande parte dos problemas e incidentes que se verificam durante o voo.
Mas continuando, em termos muito simples podemos dizer que a manobra ( wing over) consta do seguinte:
a.Escolher uma referência central relativamente à qual a manobra será desenvolvida.
b.Iniciar uma volta para um dos lados com comando e deslocamento do peso do corpo.
c.Antes de completar os 90º de volta inverter o comando e o peso do corpo para voltar para o lado oposto.
d.Quando o mergulho da asa estiver definido, olhamos para a ponta esquerda da asa e damos um pouco de comando começando a inclinar o corpo e progressivamente vamos ter de dar comando com mais intensidade e certificarmo-nos que o comando direito está em cima ( ou quase). O wing over se for bem executado terá de ser desenvolvido com a referencia por nós escolhida, sempre centrada relativamente ao eixo em que se está a desenvolver o wing over.
O “Wing Over” tem assim várias fases distintas:
1- Volta acentuada seguida de;
2- Aumento de velocidade e mergulho da asa para o solo;
3- Passagem sem interrupção ( contínua ) para volta para o lado oposto;
4- Aumento de velocidade e mergulho para o solo;
É importante garantir sempre, que o nosso corpo se mantém em equilíbrio com a asa e com a quantidade de comando que vamos aplicando e que a pressão interna da asa é controlada pelo piloto em todas as circunstancias, a pressão no lado oposto à “volta” não pode diminuir ao ponto de ocorrer qualquer fecho ou colapso, por isso se sentirmos falta de pressão temos de manter o comando com pressão suficiente. Outro aspecto importante é a nossa visão, olhar para a asa para ter a certeza de todos os detalhes do seu comportamento e neste caso ter a certeza de que se mantém inflada, o que ajuda sobretudo quando se sente falta de pressão ( assim é possível “sentir” no respectivo comando e “ver” com os olhos), olhar para o solo para sabermos onde está e olhar para a referencia para manter a manobra de acordo com o previsto.
Descrito desta maneira, o Wing Over parece muito complicado, mas é muito mais difícil “escrever” como se faz um Wing Over do que executa-lo.
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